O Povo de Maricá e as Leis


Parece ficção, mas é realidade.
O povo elege seus representantes para a Câmara Legislativa, no intuito de representarem e defenderem os interesses deste, o povo. No entanto, na maior parte das vezes, os interesses defendidos são os próprios, os deles.
Num momento onde a preocupação com o socioambientalismo se faz tão presente na vida humana e nas questões sociopoliticoambientais, Maricá, mais uma vez, anda na contramão da história.
Após uma audiência pública, pedida há mais de um ano pelos ambientalistas maricaenses, preocupados com a conservação de uma área intacta de restinga e com uma comunidade tradicional de pescadores artesanais, descobre-se que o real motivo desta era a discussão e aprovação de um zoneamento que criava áreas urbanas (edificáveis) em áreas de cordões arenosos, resquícios de sambaquis, brejos e sítios que abrigam espécies nativas e endêmicas. No decorrer da audiência, ambientalistas, pescadores, professores e intelectuais, representados pelo advogado, Dr. Francisco Carrera, a professora Desirré Guinchard, o professor Werther Holzer, o coordenador da APA, Leandro, e o presidente da associação dos pescadores, Vilson Ronga, esclareceram a importância histórica, cultural, geográfica, geológica, biológica e ambiental da Restinga de Maricá. Além da legislação que a protege, das teses de doutorado nela desenvolvidas, sua importância, enquanto gradiente da Mata Atlântica como berçário da fauna e retaguarda da flora (protegida por lei específica: a Lei da Mata Atlântica, além do Código Florestal e do SNUC, entre outras).
 Entretanto, parece que todas as inferências técnicas, intelectuais e legais não entraram nos ouvidos ensurdecidos pela cobiça ou comprometimento escuso destes edis, que não têm compromisso com quem os elegeu ou om aqueles que deveriam representar.
Pergunto-me se o ataque gratuito e venal à professora Desirée, que estava presente ao plenário esta semana, foi intencional, ocasional ou proposital. Pergunto-me ainda, com quem Maricá, os pescadores e o povo poderão contar para legitimar sua existência cidadã e quem possa representar seus interesses de fato e de direito.
Numa atitude desatinada e devaniosa, chego a pensar em apelar para “Chapolim colorado”. Lembro que sou brasileira, e penso em apelar para o guerreiro Zumbi, quiçá, a rainha Anastácia. Ou então, São Judas Tadeu, o santo das causas impossíveis.
No entanto, como sou brasileira e não desisto nunca, prefiro usar a palavra e bradar aos quatro ventos e às multi etnias formadoras de nosso povo, que “um mais um é sempre mais que dois”, e assim, conclamo o povo a ensinar a nossos vereadores que estes foram eleitos para representar nossos interesses e, dentro da lei, satisfazer nossas necessidades, de acordo com a legislação e com o orçamento do município.
Maricaenses, o tempo é de caos. No entanto, é na dificuldade que se cresce e no fogo que se cria a têmpera do cidadão. Assim, convoco todos a acompanhar as sessões na Câmara dos Vereadores, a se mobilizar, a falar com o vizinho, o amigo, o próximo, que nós temos o poder, nós determinamos o que deve ou não ser feito. Colonialismo, nunca mais. Somos livres e vivemos num território livre, soberano e democrático.
Saudações proletárias, e
VIVA a RESTINGA de Maricá, viva e intacta.

Profª Fátima Mano

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